Há uns tempos pediram na minha antiga escola um texto sobre preconceito o meu foi o escolhido e é o seguinte
'' Ser humano
O dia era normal como tantos outros, a sala estava cheia de alunos como eu. Eles eram os meus colegas, os meus semelhantes: todos nós possuíamos os mesmos gostos, desde o estilo musical aos livros que líamos.
A professora que até então ficara do outro lado da porta a esperar algo, entrou. Não tardou a anunciar que iríamos ter um novo colega de turma, este penetrou na sala ao ser chamado por ela. A turma ficou em silêncio ao vê-lo, era tão diferente do nosso conceito de adolescente! Seriam as roupas e o seu estilo berrante? Ou talvez o seu tom de pele? À medida que este se apresentava, notava-se uma divergência enorme dos gostos que eu e a minha sociedade considerávamos normal do que ele achava normal. Sem dúvida um ser esquisito e com o qual não haveria socialização possível. As diferenças são sempre diferenças! Por mais que tentemos nunca se mistura duas pessoas tão adversas, é como o azeite e a água, por mais que agitemos e voltemos a agitar não se tornam uno.
A apresentação acabou e ele sentou-se isolado no fundo da sala, ninguém se preocupou em tirar a mochila da cadeira para lhe dar lugar. Todos eram exactamente da mesma opinião: ele era diferente! Preferiram não se aglutinar com um sujeitinho extravagante. A aula correu igual a tantas outras e passado o tempo esperado ouve-se o toque da liberdade: a correria instala-se de imediato, todos querem sair daquela sala apartada demais. Com toda a correria, tropeções e encontrões há sempre vítimas, desta vez fui eu! Ao tentar ultrapassar um colega fui no seu encontro e cai imóvel no chão. O mundo parou para se rir de mim! Ali estava eu dorida e apunhalada pela falte de senso dos meus semelhantes. Não me doíam só as mãos que ampararam a queda, mas também os sentimentos.
Uma mão desconhecida estava esticada à minha frente, alguém esperava que eu a agarrasse. Não perdi muito tempo a pensar e com a sua ajuda levantei-me, só depois reparei a quem pertencia a mão: ao rapaz novo da turma! O sujeito extravagante, aquele mesmo sujeito com quem não me iria misturar, o mesmo sujeito que não encaixava na minha sociedade foi o único a perder tempo em me ajudar! Ele provou ser tão humano quanto eu. Não! Ele era mais humano que eu! Não se preocupou em julgar-me diferente dele, no fundo ele sabia, que tal como ele, eu era um ser: também me aleijava quando caía e também precisava de ajuda para me por de pé.
Nesse momento percebi: não podemos ter conceitos predefinidos das pessoas só pelo seu aspecto, ou pelas suas origens! Por mais que sejamos diferentes todos nós temos um coração a bater, todos temos um cérebro para pensar, todos sentimos a vida! Afinal todos diferentes, todos iguais! ''
Para vocesque é o preconceito?
Assunto: Preconceito 
Sex Fev 13, 2009 3:06 pm
